O que somos nós senão TERRA? Hoje flagrei-me pensando na morte e, tomado pelo horror e pelo pânico, pedi a Jesus, o Pão da VIDA, os sentimentos da abundância prometida... "Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância". Me veio como resposta uma angústia profundíssima e salutar que me levou ao abismo do meu ser... Eu estava com medo da morte como se não a merecesse... O orgulho talvez se apoderara de mim e me impedia da certeza de que é preciso morrer, pois, "é morrendo que se vive para a vida eterna". Ademais, "se para mim viver é Cristo, morrer é lucro" nos afirma o Apóstolo. Estamos na Quaresma, e as cinzas que nos foram impostas em seu início na quarta feira me fizeram ainda recordar um belíssimo soneto de Gregório de Matos que diz:
"Que és terra Homem, e em terra hás de tornar-te,
Te lembra hoje Deus por Sua Igreja,
De pó te faz espelho, em que se veja
A vil matéria, de que quis formar-te.
Lembra-te Deus, que és pó para humilhar-te,
E como o teu baixel sempre fraqueja
Nos mares da vaidade, onde peleja,
Te põe à vista à terra, onde salvar-te.
Alerta, alerta pois, que o vento berra,
E se assopra a vaidade, e incha o pano,
Na proa a terra tens, amaina, e ferra.
Todo lenho mortal, baixel humano
Se busca a salvação, tome hoje terra,
Que a terra de hoje é porto soberano."
Cinzas, terra, nada... O Amor de Deus é quem nos orna de valor! Ele nos disse: "sem Mim, nada podeis fazer". "Gemendo e chorando neste vale de lágrimas", vamos pois peregrinos! Emprestando a nossa imperfeita humanidade a Deus, afim de que Ele reviva Seu Filho Jesus em nós. Nossos pecados nos humilhem! Mas, não nos desanimem, pois, está toda nossa confiança no Cordeiro! Ele sabe os imperfeitos a quem convoca. Morramos de amor! E que o fogo do Espírito nos consuma como uma vela no altar. Gragório de Matos ainda dedica um soneto a um personagem que se chama Fábio, e este creio aplicar-se providêncialmente a esta reflexão, talvez de carater tão pessoal:
"Ditoso Fábio, tu, que retirado
Te vejo ao desengano amanhecido
Na certeza do pouco, que hás vivido,
Sem para ti viver no povoado.
Enquanto nos palácios enredado
Te enlaçaram cuidados divertido,
De ti mesmo passavas esquecido,
De ti próprio vivias desprezado.
Mas agora que nessa choça agreste,
Onde, quando perdias, alcançaste,
Viver contigo para ti quiseste.
Feliz mil vezes tu, pois começaste
A morrer, Fábio, desde que nasceste,
Para ter vida agora, que expiraste"
Tudo e Nada! Deus e Eu
Pe. Joseph (Terra Homem!)
segunda-feira, 8 de março de 2010
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Caraaambaaa, eu ja tinha lido alguns poemas de Gregório de Matos, mas quando vi no seu blog, ele soou de uma forma MUITO diferente...
ResponderExcluir"Deus só dá a cruz a quem Ele sabe que aguentará né"?
E é confiando nisso, que confie Nele sempre, assim como eu sei que você confia, e quando tudo parecer se complicar, é só acreditar e sorrir, por saber que depois virá maré mansa =)
Beeijo Padre Fábioo, "abença?"
Ass: hay de Sousaa
"tudo a deus e com maria ao lado"
ResponderExcluir"o padre deve ser um homem de Deus, um homem sagrado e consagrado, um homem cujo modo de ser e de viver deve trazer claramente as marcas do Eterno!" ASSIM COMO TU ÉS. HOMEM DE DEUS.
ResponderExcluirSó um lembrete do Mário Quintana ...
ResponderExcluirA vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.
Desta forma, eu digo: Não deixe de fazer algo que gosta devido à falta de tempo, a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais.